sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Arabella e a lua.


Arabella ponhava todas as noites seu vestido branco de cetim, e dançava no silêncio a luz da lua. 


Eu conheci Arabella correndo numa rua escura numa noite chuvosa, de madrugada, com uma garrafa de vinho vazia às mãos. Ela corria, mas não por medo de algo, ou pra chegar em algum lugar, ela corria pra celebrar a liberdade, pra sentir o vento bater no rosto, a chuva molhar os cabelos e a lua iluminar todo seu corpo. Arabella era uma princesa da noite, uma dama da escuridão, era toda a beleza que o lúgubre podia proporcionar.

Ah.. Arabella, teus passos descompassados formam um dos mais belos bailar nos meus sonhos. Tuas mãos flutuam ao ar, e teus pés parecem levitar. Teu corpo, horas uma máquina, horas uma escultura, que meus olhos fitam até o arder. Os fios de cabelos morenos que caem sobre teus ombros e braços, me hipnotizam ao balanço do vento, como pode, Deus? É tanta mistura de coisa, um lá com um cá, um ré com um fá, um peito sem dó, um eu tão só.
Cabeça foi feita pra pensar e não só separar as orelhas, mas de tanto pensar no caminho certo, me perdi no meio da estrada, não sei a quantas ando, ou se ando sem direção. Não sei se ando solto, se ando preso, ou se ando sonhando demais, mas o que é demais pra um simples e jovem rapaz? Arabella, poderíamos eu e você, protagonizar a bela e a fera. Ou a fera e a bela, mas não somos atores, não estamos à toa.
Em dias de sol, eu ando assobiando pela rua, em dias de sol, tu andas nua. Em dias de chuva, eu ando meio que com medo, nem faço a curva, em dias de chuva, tu andas meio que sem medo, luta sem luva. Ao som do meu violão, saem notas perdidas, palavras não ditas, erros com precisão. O que é que eu tenho que fazer pra entrar por debaixo dos teus cabelos? Descer pelas tuas costas e me enrolar no teu corpo inteiro até que minha boca alcance a ponta dos teus dedos.

Arabella, se eu pudesse pararia a rotação da terra no pôr-do-sol, e moraria na beira praia contigo pra sempre, só pra ver teus cabelos virarem bronze à luz laranja. 
Quem foi que falou que isso não tá certo? Quem foi que falou que precisa estar certo? Quem foi que definiu o que é o certo? Você sabe que eu sempre fui meio errado. E meio errado também é meio certo, ou não é?
Depois de tantos devaneios me faltam algumas palavras pra poder descrever o que é te ver enrolada nos meus lençóis, com essa calcinha azul indigo, esses anéis nos dedos com esse esmalte preto descascando, Arabella, você tomou minha mente e alma.
Portanto, no caso de eu estar enganado, eu só quero ouvir você dizer: "you got, baby, are you mine?"

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