terça-feira, 9 de novembro de 2010

Good Day.

Novembro chegou. Junto dele um mundo de incertezas e perigos!


E agora? O que vem pela frente?
Eu vejo milhões de pessoas em mim, acho sentimentos escondidos dentro de um coração que se perdeu, e tentando por fim, achar quem comanda o verdadeiro eu.
O garoto escrevia seu nome na parede, esperando por outro a completar o coração que envolvia o vazio e o seu. Eu estive lá, eu pude sentir o que ele sentia.
Eu senti o ódio, o amor, a revolta, a discórdia, a humildade e a revolução.
Procurei naquela sala parcialmente vazia o que o garoto tentava encontrar.. Um rosto um reflexo, um vulto, uma dádiva, um choro, um grito, um pedido de clemência!
Em minha eterna mudez eu vi o garoto sair correndo da sala, em disparada como se algo lhe ocorresse imediatamente. Em passos longos e rápidos, os sapatos encharcados e os jeans velhos um tanto molhados pela chuva que caía do lado de fora, os dois primeiros botões da camisa abertos, uma tatuagem no peito, óculos de armação grandes enfiados no bolso da camisa, cabelos sutilmente embaraçados e despenteados. Ele desceu três lances de escada quase que num pulo, e com toda a velocidade que seu corpo lhe permitia correr pelo chão molhado da rua, ele correu. Com os olhos fixos num ponto, como se ele pudesse enxergar através das paredes, uma coisa que estava muito longe dali.
E eu? Ao lado dele, parecia flutuar sobre a nevoa. Permanecia parado, mas me movendo sem fazer um mínimo esforço. Eu podia o acompanhar por horas e horas sem me cansar, poderia o fazer até mais rápido que ele, podia transpassar paredes e no momento em que percebi que eu não era um ser vivente daquele mundo me perguntei se não poderia ajudá-lo a chegar mais rápido ao seu destino, ou se não poderia fazer o seu destino chegar mais rápido a ele. E em fração de segundo, me vi parado, ao lado dela.
Numa sala parcialmente vazia, onde ela tentava encontrar um rosto, um reflexo, um vulto, uma dádiva, um choro, um grito, um pedido de clemência!
Minha boca sequer se moveu, mas pude ouvir minha voz, mais calma e suave do que nunca, dizer: Ele te encontra, vai.
Ela saiu em disparada, em passos longos e rápidos. Os cadarços desamarrados, os shorts jeans um tanto molhados, uma camiseta sobreposta por outra, uma tatuagem no braço, um laço estranhamente lindo nos cabelos, um piercing no nariz e o sorriso mais brilhante da cidade. Ela se encontrava muito mais alta que ele, teve que esperar um elevador e ainda o desceu por mais de trinta andares. Um carro digno de chefão da máfia Italiana lhe esperava do lado de fora na rua. Ela pede pra que o motorista se retire, ela entra no carro e dirigi feito uma louca.
Por um momento eu desejei voltar a vê-lo e me transportei até onde ele estava, correndo sem parar, já muito próximo de onde ela estava. Ela com lágrimas nos olhos e sem muita noção de para onde deveria ir. Ele abrindo um sorriso. Ela perpassando olhares ansiosos pelas calçadas. Eu podia estar nos dois lugares ao mesmo tempo.
Meu cérebro estranhamente se dividiu em dois.
Ele a viu. Ela não. Ele correndo na rua vazia com apenas um carro vindo em sua direção. Ela olhando pros lados, não ligava pra rua vazia.
Ele esperando que ela parasse. Ela não parou.
O carro o atingiu em cheio, em alta velocidade. Um baque imenso, gritos, passos apressados, chuva, neblina, agora sangue, desespero e alívio.
Alívio dela, ao ouvir ele dizer: Eu precisava te ver, precisei voltar, não agüentei o silêncio, não agüentei ficar longe de você. Eu te amo.
Eu te amo, eu te amo e eu te amo. Pra Semp...
Ele cerrou os olhos e então nunca mais a viu.

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