sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Remembering Sunday.



Os dois se encontravam sempre a frente da mesma livraria, impecavelmente vestidos, com os mesmos pares de calçados. Por vezes, ela o fez pensar, que não estaria suficientemente bonita para acompanhar a sua beleza, mas em sua infinita humildade, ele sempre lhe repetira inúmeras vezes o quanto ela estava linda e radiante, sempre.


Da livraria, uns beijos em frente as lanchonetes, e dali, diretamente pro táxi, onde o cérebro já começa a liberar hormônios, enquanto os dedos mais longos, sentiam cada poro da pele morena da moça se eriçar com um leve toque a sua cintura e um beijo, quente como fogo em brasa, mas suave como o pouso de uma delicada ave, e ao mesmo tempo apaixonante, como se fossem únicos no mundo e o mundo único pra eles!


Ao chegarem no velho apartamento, que apesar de anos, tinha um aspecto muito aconchegante, com móveis de segunda-mão relativamente bonitos e uma fina camada de poeira sobre eles.. foram logo se dirigindo ao menor dos quartos, onde uma cama "tamanho-de-rei" se encontrava aos lençóis manchados de suor e cobertores caídos no chão. Ao pé da cama um violão, e na parede palavras escritas em vermelho sangue, cujo ambos sabiam que era apenas tinta.


As mangas compridas, charmosissímas, segundo ela, estavam radiantemente mais brancas do que de costume naquela tarde, e após tirarem apenas os sapatos, foi que ela percebeu, que algo não iria sair como de costume. Após os seguintes dizeres com sua voz meio grave, meio rouca, inconfundível "Por favor, fecha os olhos". O barulho de um zíper se abrindo e de repente... "Pode abrir!"


A garota se deparara com um anel, simples, bem polido e extremamente brilhante, discreto, exceto pela faixa de ouro no meio da circunferência perfeita, de prata pura. De joelhos, ele entoa na voz mais suave que toda sua vontade conseguiu reunir "Let's make it official, now?"

Ela lhe estendeu a mão direita onde calmamente ele pusera o anel no dedo anelar, contemplando, como se fosse a realização de um sonho! Do bolso ele tira um exatamente idêntico, exceto pelo tamanho, lhe entrega e ela o põe exatamente como ele o fez. Ao final, uma música que eles conheciam muito bem, tocava ao fundo.. ele já subira na cama e estava em cima dela, que sorria como um alguém inocente, como se não soubesse o que estava por acontecer. Num súbito movimento, a mão dele lhe encosta nos quartos e lhe aperta com força. As dela, sob a camisa dele, com as unhas muito bem afiadas, obrigado, arranhando-o como se não tivesse pena nenhuma da sua pele também morena, onde agora se encontrava vermelha e quente, com quatro marcas idênticas de cada lado.


Pouco demorou até as camisas e calças estarem no chão. O que se podia apenas ouvir era suas respirações ofegantes, os cheiros dos perfumes no ar, e o quente, o calor, a brasa que os corpos faziam um ao outro, com os toques semi-nus e todas as partes do seu corpo. Barriga a barriga, encaixadas perfeitamente, como se tivessem sido moldadas, ambos tinham corpos muito bonitos; Ela magra, estatura média, com seios fartos e cintura exatamente perfeita. Cabelos um pouco abaixo dos ombros, castanho escuros que combinavam muito bem com a sua cor, moreno-caju. Seus olhos, castanho-esverdiados com pupilas simetricamente redondas, como se pudesse ver através de tudo que quisesse.

Já ele, com seu corpo não tão grande em proporções, mas devidamente definido e malhado, com ombros largos e braços torneados, rígidos e fortes por segurar grande parte do seu peso, em sutil tentativa de não descarregar toda sua massa sobre ela. Seus cabelos eram lisos e castanhos muito claros, na luz do sol, quase louros. E seu sangue de antepassados negros não o deixava muitos pelos sobre o corpo, via-se que era completamente desnecessária qualquer retirada de pelo daquele corpo.


Um mundo inteiro girava na cabeça dos dois, quando já estavam completamente nus, mais suor, mais hormônios, milhões de células pulsando e a energia, praticamente visível se transpassando de um corpo a outro. Como ondas, eles eram completamente perfeitos, visto de um certo angulo, como num filme de cinema antigo. Eram encaixes perfeitos, álibis irremediáveis, amantes, cúmplices, amores, eram tudo que de mais bonito havia no amor.
 E então, o fizeram, fizeram amor como nunca haviam feito antes, forte! Ora lento, hora rápido, mas intenso, a cada minuto mais fundo as unhas azul-bebê dela o furavam as costas, as cobertas completamente encharcadas de suor, de fato fazia muito calor ali. Mas eles não ligavam, o fluxo de amor entre os dois era tão grande, que parecia que brisas salgadas e frias do mar passavam pelo quarto em que estavam, se roçando e fazendo a forte cama balançar. As doses de belas palavras (sim, belas palavras e não sacanagem.. faziam AMOR, não somente casual sexo) eram emitidas como melodias, um ao outro.


Eles irradiavam paixão quando trocavam olhares apaixonados com fortes doses de prazer, puro e lindo. E o continuavam fazendo, sem parar, com um fôlego jamais visto antes. E não se contentaram apenas uma vez, naquela tarde, após aquela lindíssima declaração, eles estavam decididos a se esgotarem, a perderem todas as forças, braços, pernas, voz. Ela emitia sons de prazer como jamais o fizera antes, era o ápice da sua verdade. Entre beijos e mordidas até onde as bocas conseguiam alcançar, ali entrelaçadas as pernas, um em cima do outro. Era exatamente ali onde desejavam estar, em lugar nenhum outro, a não ser ali.


E por fim, suas forças foram batidas e então cessaram por ora. Ao final, encontravam-se deitados em uma rede, alvíssima, num terraço meia-boca, mas com uma das vistas mais lindas do mundo, um pôr-do-sol em tons de rosa e roxo, com filetes azuis meio anil, meio claros. Aconchegadamente abraçados, como se estivessem morrendo de frio numa noite calafriante, estavam os dois ali, frutos do mais puro amor que já ousara existir. E ele murmurava "Ah, eu pra sempre vou te amar." E ela, com o olhar fixo em sua boca "Enquanto houver ar pra respirar."

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